sábado, 12 de julho de 2008

MAQUIAVEL/MACHIAVELLI EM SONETO HERÓICO

MAQUIAVEL/MACHIAVELLI EM SONETO HERÓICO

Soneto heróico ( 6ª e 10ª sílabas)
Por Sílvia Araújo Motta

Maquiavel quis (dar) lição le (gal)
ao rei, ao povo ou (lí) der no po (der),
republicano, um (ho) mem bom ou (mal)
chefe tirano, (guer)ra viu ven (cer).

Príncipe teve (chan) ce de a pren (der)
porém não soube (ver) a luz cen(tral)
que uma fortuna (po) de até man (ter)
“virtú” sem ter va (lor) cristão mor (ral).

Incompreendida a (ção) no tempo in(cer) to
tornou ciência e (lei) em cada Es (ta) do
politizado o (réu) julgado é (cer) to.

Séculos vão pas (sar)... Virá a de(sor)dem;
Para enfrentar a (lu) ta de um pas (sa) do,
milícias vão trei(nar) na paz.. ter (or)dem.
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Belo Horizonte, 29 de junho de 2008.
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OS ESCRITOS DE MAQUIAVEL
CARTAS “FAMILIARES” (A SEUS AMIGOS E PARENTES)

Poucas das cartas precedem seu ingresso em função (junho de 1498). Todavia, possui-se um resumo da carta de 9 de março deste mesmo ano, para Ricciardo Bechi, sobre Savonarola. Durante o tempo de suas funções houve poucas cartas que podemos chamar de “familiares”. De 1512 a 1527, seus correspondentes são, ao contrário, numerosos e diversos: Piero Soderini, Francesco Vettori, Francesco Guicciardini, etc.

Cartas oficiais e relatórios

Seu modo de conservação, mais sistemático, permite acreditar que boa parte dos escritos dessa espécie nos foram conservados. Sigamo-los em sua aparição cronológica, citando somente os principais:
- Discurso aos Dez sobre a situação em Pisa ,redigido em 1499, a fim de estancar a reconquista dessa cidade, perdida cinco anos antes.
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- Relatório sobre as coisas feitas pela república florentina para pacificar facções em Pistóia, redigido sem dúvida em 1502, antes da primeira dedicação junto a César Bórgia.

- A segunda delegação junto a Bórgia termina, em 1503, com o relatório intitulado: Descrição da maneira pela qual o duque de Valentinois fez ma Vitellozo Vitelli, Oliverotto da Fermo, o senhor Tagolo e o duque de Graa Orsinip

- De 1503, sem dúvida: Palavras para pronunciar (diante do Conselho) sobre os meios necessários para se procurar dinheiro.
- Da maneira de tratar populações rebeldes do vale de Chiana é provavelmente escrito em 1503, quando o perigo representado por César Bórgia já está afastado.
Após numerosas cartas fazendo fazendo relatório de delegação em Roma (outubro-dezembro de 1503), é a segunda delegação, sem dúvida.

- Um grupo de relatórios segue uma segunda delegação a Roma. Esse grupo de textos tem por objeto a milícia:

Relatório sobre a instituição da milícia, Discurso sobre a ordem e milícia florentinas, e, finalmente, Decretos da república de Florença para instituir a magistratura dosnove oficiais da ordem e da milícia florentinas ditadas por Nicolau Maquiavel.

- O Relatório sobre as coisas da Alemanha segue-se ao retomo de uma primeira delegação junto ao imperador (1508).O Discurso sobre coisas da Alemanha e sobre o imperador é de 1509.

A terceira delegação à corte da França (1510-1511) fornece a matéria em um Quadro das coisas da França.
A partir dessa data, os textos oficiais têm pouco interesse, salvo talvez as cartas de 1527, escritas por nosso homem “provedor nas muralhas”.
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Poesias

- A Primeira decenal, composta entre 1504 e 1506.
- A Segunda decenal, inacabada, abandonada em 1509.
- Pequenos Capitoli. Restam-nos quatro; “Da ocasião”, “Da fortuna”, “Da ingratidão”, “Da ambição”.
- O Asno de ouro. Poema importante, em oito cantos, inacabado, abandonado em 1517.
- Poesias menores e diversas: seis Cantos de carnaval, sonetos, estrofes e epigramas (dentre eles o célebre epigrama a Piero Soderini).
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Peças de Teatro

- Uma boa tradução de Terêncio: L’Andrienne.
- Uma comédia original, que teve grande sucesso: A Mandrágora.
- Uma adaptação de Plauto: Chizia.
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Prosas diversas, algumas políticas
- Discurso moral exortando à penitência.
- Estatuto para uma sociedade de felizes.
- Novela muito divertida do Arquidiabo Belfegor, que virou mulher.
- Discurso, ou melhor, diálogo no qual se examina se a língua na qual escreveram Dante, Bocácio e Petrarca deve chamar-se italiana, toscana ou florentina (provavelmente escrito em 1514).
- Sumário da coisa pública em Luca.
- Discurso sobre a reforma do Estado em Florença, feito sobre o pedido de Leio X
- A vida de Castruccio Castracani de Luca (1520).
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As obras de grande difusão

- Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio; escritos de 1513 1520. Um trabalho de longo fôlego. Livro I: 60 capítulos; Livro II: 33 capítulos; Livro III: 49 capítulos. 345 páginas na edição da Péiade
- O Príncipe, escrito em algumas semanas, em 1513, quando já estava começada a redação dos Discursos precedentes. Destinado a Lourenço, duque de Urbino (neto do Magnífico); quando seu tio João, que se tornou Leão X esperava lhe dar um Estado na itália central.
- A Arte da guerra, escrita de 1513 a 1521, sem dúvida. Sete livros.
- Histórias florentinas, escritas a pedido de Leão X e abandonadas quando o tema (a Florença maquiaveliana) se tornou difícil de tratar por um homem que desejava sua liberdade e seu retomo em boas graças. Renuncia a terminar sua historiografia e se dedica à tarefa de secretário junto aos “provedores nas muralhas”.
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As edições
As primeiras edições

Somente três obras foram publicadas em vida de seu autor:
- A primeira decenal, em 1506, em Florença;
- A arte da guerra, em 1521, Pelos herdeiros de Filippo Giunta (esta tentativa de edição será uma das que fará conhecer Maquiavel, pouco a pouco, em um bom quarto de século).
- A Mandrágora, cujas duas primeiras edições não são datadas; a terceira é, sem dúvida, de 1524, em Roma; uma edição datada, enfim, de 1531, em Veneza.
A edição de todo o resto é póstuma:
- os discursos sobre a primeira década de Tito Lívio, publicados no mesmo ano (1531) em Roma e em Florença.
- O Príncipe, no ano seguinte, é colocado à venda em Roma (na Antônio Blado) e em Florença. Na edição florentina de Bernardo Giunta deu-se, além disso, o Retrato das coisas de França e o retrato das coisas da Magna;
- As Histórias florentinas são editadas pela primeira vez em 1532;
- Sempre com Giunta, um volume, aparecido em 1549, reúne os textos da Segunda decenal, do Asno de ouro, dos Capitoli e a novela de Belfegor.
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As edições em língua francesa

Não se trata aqui de fornecer uma lista das edições sucessivas de Maquiavel. Para obter uma bibliografia sistemática, tanto de obras quanto de estudos sobre o Florentino, consulte:
a) Ao Machiavel de Augustin Renaudet. Gallimard, quinta edição, ampliada, de 1956. Importante nota bibliográfica pp. 32-33, mais adendo à p. 305.
b) Ao Machiavel de Émile Namer. P.U.F., de 1961. Um capítulo bibliográfico copioso, pp.233-249 (edição das obras em italiano e em francês, pp. 235-236).
Com relação às obras de Maquiavel, lembramos que um excelente trabalho foi efetuado por Edmond Barincou e que a edição em língua francesa é amplamente suficiente para que os leitores estejam em condições de atingir um texto o mais freqüentemente exato e mesmo saboroso. Portanto, utilizem:
Na biblioteca de Plêiade, as Oeuvres completes de Machiavel, N.R.F.,1952.
Na Coleção “Memórias do passado para servir ao tempo presente”, Toutes les lettres de Machiavel, dois tomos. N.R.F., 1955.
E também:
- Le Prince, publicado com o Anti-Machiavel de Frederico II, pela Editions Granier, coleção “Clássicos”.
- Pages Maitresses de Machiavel, reunidas por Marcel Brion, no Clube dos Editores.
- Pages imortelles de Machiavel, escolhidas e anotadas por conta de Carlo Sforza; ed. Corrêa, 1497.
- A ser aconselhado, por sua amplitude, Machiavel le politique, textos escolhidos por Marie-Claire Lepape. P.U.F., coleção “Os Grandes textos”, 1968.
- Comporta também uma boa seleção de textos significativos: Machiavel, de Georges Mounin. P.U.F., 1964, coleção “Filósofos”.
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As edições em língua italiana

As mais recentes, portanto acessíveis nas bibliotecas ou ainda a venda:
- Lettere familiari a cura di E. Alvisi Sansoni Ed. Firenze, 1883.
- Tutte le opere di N. Maciavelli. Mazzoni e Casella. Edit. Barbera. Firenze, 1919.
- Reeditada em 1949-1950. Milão. Flora e cordie.
- N. Machiavelli opere a cura di panella. Milão-Roma, 1938. Ed. Rizzoli.
- Na importante coleção “La letteratura italiana – storia e testi”: Machiavelli – opere a cura di M. Bonfantini. Ed. Riccardo Ricciardi, Milão-Nápoles, 1954.
- Longos extratos, sem dúvida suficientes (salvo no que diz respeito às lettere e aos libri dell arte della guerra) em Opere de Niccolo Machiavelli a cura de Ezio Raimondi. Milão. Ed. Mursia, 3ª. Edição, 1967.
- Finalmente, a última que chegou a meu conhecimento: alguns bons extratos de um Maquiavel “grande público”, figurado e de fácil acesso, senão justo, em Machiavelli, Coleção “I Giganti della letteratura “ Ed. Mondari, 1972.
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Os estudos sobre Maquiavel

Para esta bibliografia impõe-se um trio entre as centenas de obras aparecidas.
Para um leitor de língua francesa, penso ter mostrado em meu ensaio que a obra mais tônica é:
- Georges Mounin, Machiavel, aparecido primeiro no Clube Francês do livro, em 1958, e reeditado na Edições du Seuil em 1966 (coleção “Política”). Dever-se-á preferir este livro àquele que Mounin escreveu para a P.U.F., Coleção “Filósofos”, em 1964 (este último título comporta uma seleção de textos, como já assinalado.)
Em uma tradição mais “universitária”, são recomendáveis por sua seriedade e erudição:
- Augustin Renaudet, Machiavel, quinta edição, revista e ampliada (1966). Gallimard.
- Emile Namer, Machiavel. P.U.F., coleção “Os grandes pensadores”, 1961.
Para seguir Maquiavel na torrente florentina do século XVI:
- Edmond Barincou, Machiavel par lui-même. Ed. du Seuil, coleção “Filósofos de todos os tempos”, 1972.
- Hélène Vedrine, Machiavel Seguers, Coleção “Filósofos de todos os tempos”, 1972.
Postas essas “referências” (referências porque essas obras são imediatamente acessíveis nas grandes livrarias e porque é preciso também levar em conta essa facilidade de acesso), existem livros principais que o leitor preocupado em se informar deverá resolver arrumar para si ou ler em biblioteca. Alguns são amplos e sintéticos, outros abordam as questões sobre as quais são fundadas verdadeiras compreensões:

Sobre Florença e sobre a Itália da Renascença
(estudos políticos, sociais e econômicos)
- Frederick Antal, The Florentine painting and its social background. London, 1948. Traduzido para o italiano: La Pinura florentina e il suo ambiente sociale nel trecento e nel primo quatrocento. Turim, Einaudi ed., 1960.
- Christian Beck, Les marchands écrivains à Florence. Mouton, 1967.
- Yves Renouard, Les rônimes d’affaires italiens au moyen age. Armand Colin, 1949. Artigo “Affaires et culture à Florence” em II Quatrocento.Sansoni, 1954. Florence au temps de Laurent le Magnifique. Coleção “Que sais-je?”, 1965. Florence au XVème siècle. Plon, 1965.
-A Sapori, Le marchand italien au moyen age. Paris, 1952.
- Alberto Tenanti, Florence à l’époque des Medicis: de la cite Firenze dal comunea Lorenzo il Magnífico. Mursia, 1970.
- Para ter uma grande quantidade de informações sobre a história política: Valeri, L’Italia nell’ età dei principati dal 1343 al 1516, Milão, 1959.

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Sobre Maquiavel

Aqui, a consulta a obras italianas será necessária, mais ainda do que para a história geral da Florença comunal-feudal. Além disso, não destaco o título de obras em que “autores” falam de Maquiavel: Spinoza, Bodin, Descartes, Voltaire, Rousseau, Montesquieu; nem os pensamentos de políticos, de Frederico II a Mussolini.

Primeiramente, as obras às quais se referem, sem exceção, todos aqueles que empreendem escrever sobre nosso homem:
- Pasquale Villari, Nicolau Maquiavel ed i suoi tempi, primeiro editado no Lê Monnier e, depois, pela Hoepli, de 1877 a 1883.
- Oreste Tommasini, La Vita e gli scritti di Nicolau Maquiavel nella loro relazione col machiavellismo. Loescher ed. Turim-Roma, 1883-1911.

Em seguida:
- Antônio Gramsci, Note sul Machiavelli, sulla política e sullo stato moderno. Einaudi ed. Milão, 1949. Traduzidas em francês, em Gramsci – oeuvres choisis. Ed. Sociales, Paris, 1959. A interpretação de Gramsci é o tema de um artigo, na Nouvelle critique, n° 147, junho de 1963, de seu tradutor Gilbert Noget.
- Claude Lefort, Le Travail de l’oeuvre. Machiavel. Gallimard. Coleção “Biblioteca de Filosofia”, 1972
- Merleau-Ponty, Note sur Machiavel, comunicação ao congresso “Umanesimo e scienza política”, de setembro de 1949. Publicada em Temps modernes de outubro de 1949 e reproduzida em Eloge de la philosophie, coleção “IIdéias”, N.R.F., 1965.
- Giuseppe Prezzolini, Vita de Niccolò Machiavelli fiorentino. Mondadori ed., 1927. Reeditado em 1969 em Milão por Longanesi & Co. Traduzido na Plon, em 1929: Vie de Nicolas Machiavel, Florentin Machiavel anticristo. Roma, Casini ed., 1954. II Gheriglio di Machiavelli. Milão, Scheiwiller ed., 1960. Cristo e/o Machiavelli (coleção de artigos e discursos de 1955 a 1970). Rusconi ed., 1971.
François Regnault, artigo em Cahiers pour l’analyse (publicação do círculo de epistemologia do E.N.S.), n° 6, em maio de 1969.

- Roberto Ridolfi, Vita di Nicolau Maquiavel. Roma, 1954. Traduzido na Fayard, em 1960, sob o título de Machiavel.

- Atas do congresso de Perúsia – 30 de setembro a 1 de outubro de 1969 -, organizado pela “Università degli studi” desta cidade, para o qüinquagésimo centenário. Comunicações desiguais, em italiano sobretudo. Machiavellismo e antimachiavellici nel cinquecento. Firenze, Olschki ed.,1970.

Fonte: http://www.nicolaumaquiavel.com.br

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